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31/03/2016 20:12

Coluna cultural: Nenhum lado dói menos, acredite. (Os dois lados do amor)

Por Suelen de Alencar 

Não é nada fácil escrever sobre filme de amor. Eu sei todo mundo pensa ao contrário, até porque logo surge a pergunta: Porque seria tão complicado escrever sobre algo tão lindo? Pode não parecer, mas o amor não tem um lado só e se você ainda não encontrou o seu, por favor, se prepare para uma onda muito maior e conturbada da qual você imagina.

Mas acalme-se, não se assuste o amor é compreensível. Portanto sem rodeios o filme “O dois lados do amor” não é comédia romântica com enredo já definido, apesar da obra ser estadunidense.

Assistir filme americano com foto de capa sendo um casal e um nome sugestivo, já me lembra dos traumas de muitos filminhos de péssimo gosto. Aqueles com meninas mimadas em busca de um galã jogador de lacrosse. Claro já me intoxiquei de lixo moderninho, e não nego às vezes me vejo “encantadinha” e dando muita rizada dessas obras “primas”. 
A obra de Ned Benson tem mais a oferecer e não funciona como um daqueles desastres clichê. Tem algo da ideologia vegana, se para alguns essa filosofia não faz sentido, para outros, ou melhor, para Connor Ludlow, personagem de James McAvoy é uma saída. Para ele o sofrimento dele é tão dolorido quanto de Eleonor. 
Uma história sobre lado, onde recomeçar não uma opção e sim uma necessidade.  Necessidade que de fácil não tem nada. 
“Só tem um coração nesse corpo... tenha pena de mim”.
Com um drama excludente para a felicidade, por garantia tem-se o aprendizado. Os diálogos aleatórios têm significados pesados e carrega um suspense já definido que Eleonor e Connor são obrigados a esconder.
Na sinopse tem: Nova York, Estados Unidos. Connor Ludlow (James McAvoy) e Eleanor Rigby (Jessica Chastain) são casados, mas a incurável dor de um trágico acontecimento a faz deixar repentinamente o marido e a vida que levava até então. Enquanto ela tenta recomeçar e busca novos interesses, ele tenta reencontrar o amor desaparecido e entender o que de fato aconteceu.
Quem conhece meus textos sabe que faço sempre um paralelo com músicas, isso significa que nem sempre faz parte da trilha. E para essa obra uma música que se identifica com o enredo é a composição de Danni Carlos, na melodia de “Coisas que eu sei”. (essas comparações e inserções é uma particularidade minha). Ao pesquisar sobre o filme aprende-se muito, até mesmo sobre os Beatles. Por exemplo, “o nome do filme é baseado em “Eleanor Rigby”, uma canção da banda inglesa, The Beatles”.
Se os romances são previsíveis, com The Disappearance Of Eleanor Rigby: Them (titulo original) não acontece assim. Ao assistir a obra surgi já se perguntou por que amamos uma pessoa específica? E não há resposta, acredite.
O amor é um campo de batalha com uma singularidade inexplicável. O tempo todo eu fico com sensação de que uma tragédia, além das duas que já ocorrem no filme, pode acontecer. Relacionamentos em filmes existem de monte, mas nenhum com o peso de Connor e Eleonor. Relacionamentos podem ser alegria, mas o fim é droga que todos recusam.  
A proposta chama atenção e surpreende mais pelo enredo pesado do que pelo “plot” de romance. Tudo tem dois lados, se por egoísmo ou não, o que prevalece são os olhos de Eleonor. Sua fragilidade pessoal ao mesmo tempo em que encanta, se mostra cruel ao sofrimento de Connor que se mantém insistentemente na busca pelo passado que morreu.  O projeto foi filmado em duas partes que interpretava os dois pontos de vista. Estreou em 2013 no Festival de Toronto e depois da estreia, o diretor e roteirista Ned Benson transformou um único longa. Os três  filmes “The Disappearance Of Eleanor Rigby: Him”, “The Disappearance Of Eleanor Rigby: Her”  e “The Disappearance Of Eleanor Rigby: Them” receberam uma versão teatral.
É um filme humanista. O ser humano na busca de suas necessidades e isso não se resumem em quartos de luz baixa e música ambiente, a dor é maior. E por que será que “O dois lados do amor” (titulo brasileiro) é mais que uma comedia romântica?
Porque descreve a vida, a morte e a luta de encontrar algum sentido pra tudo, ou pelo menos tentar viver e conviver com as aflições. Mesmo que tentamos é pré-definido que todo ser que respira e tem sentimentos, sinta o ônus e bônus de tudo. 
Planos de câmera, cenas com tom frio e pastel que combina com o drama. Uma verdadeira aula de planos de imagens cinematográfica. A fotografia do filme apresenta uma Nova York que ninguém não vê, bem longe da “Times square”. 
Li uma crítica sobre o filme onde o escritor descreve que Eleonor e Connor representa um “casal de verdade”, concordo. No seu nobre texto descreve também que é um casal de alegria e tristeza, de “sorrisos e choros”, idem. 
Uma obra para ser sentida. E por ela aprender que “o que os olhos não vê, o coração sente”. 

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